Anos 2000
Laços de família
Wesley diminui bastante a sua produção artística. Porém, continua ligado às suas raízes e em 2003 viaja a Portugal. Visita Tomar, -ficando hospedado no Hotel dos Templários -, visita a Casa Ramos Pinto, onde se encontra com o seu grande amigo, Ricardo Nicolau de Almeida, Jorge Rosas e família e tudo indica que, foi a Lisboa, visitar a Fundação Calouste Gulbenkian.
O Realismo Mágico Vive
Em 2010, a Galeria Pinakotheke, (São Paulo), realizou uma retrospectiva do Wesley Duke Lee com mais de 60 obras. Pouco tempo depois da abertura da exposição, Wesley faleceu (12 de Setembro), meses antes de completar 79 anos.
Deixou um vasto legado artístico e histórico, foi aluno e mestre, desbravador de técnicas e meios, estudioso de mitologias e psicologias. Procurou sempre aplicar o realismo mágico, não apenas à sua obra, mas à sua vida. O seu legado permanece, sendo hoje cuidado e preservado, através do Wesley Duke Lee Art Institute.
Wesley e o Instituto Wesley Duke Lee
Wesley faleceu em setembro de 2010 sem saber o que havia acontecido à sua obra. Perdera a memória recente e angustiava-se com o paradeiro e o destino das obras de que vagamente se lembrava.
Folheava livros que o mencionavam, bem como à sua obra, perguntava pelas fichas de catalogação e… onde estariam os trabalhos? Em seguida, esquecia-se novamente. Nós, amigos e família, também ficávamos preocupados com a dispersão dos seus trabalhos. Algumas obras estavam em museus ou faziam parte de grandes coleções… e as outras? A possibilidade de um catálogo geral e exposições regulares naquele momento parecia muito distante.
A sua única sobrinha, a Patrícia Lee, que havia regressado para São Paulo em 2007, depois de muitos anos no exterior, assumiu a tarefa de solucionar o problema. Dedicou-se a cuidar do tio, e depois da morte deste, organizou o espólio que ficara na casa/atelier para, junto com o Ricardo Camargo fundar, em 2013, o Wesley Duke Lee Art Institute, destinado à preservação e ao estudo da sua obra. Numa casa na rua Frei Galvão, 105, reuniu então textos diversos, cartas, fotografias, filmes, diários, desenhos, fichas de catalogação de obras, livros, objetos e toda sorte de memorabilia do artista. Grande parte do arquivo já está à disposição de estudantes e pesquisadores. Há planos para a digitalização de todo o acervo, além de um projeto de catalogação geral da obra que, certamente, era o que Wesley desejava. A casa é inteiramente dedicada ao Instituto. O documentário dirigido e realizado pelo cineasta (amigo de infância do Wesley), Olivier Perroy, assim como a exposição realizada na Ricardo Camargo Galeria são frutos desse trabalho.
Estou certa de que todo esse trabalho vai, assim, difundir a obra de Wesley e colaborar no reconhecimento e preservação do valioso acervo que o artista nos deixou, confirmando-o na posição merecida como um dos mais importantes da sua geração, líder de vários movimentos e acontecimentos que marcaram e transformaram a arte do século XX no Brasil.
Fique tranquilo, Mestre Wesley, a sua obra permanece viva e consistente. O tempo é seu aliado, escreveu Cacilda Teixeira da Costa em Outubro de 2015.