Museu Virtual Wesley Duke Lee

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Agradecimentos

Alfredo Egydio Setúbal
Antonio Almeida
Armando Vasone
Augusto Lívio Malzoni
Carlos Dale Júnior
Heitor Sant’anna Martins
James Arthur Lobo Lisboa
Paulo Nazareth Kuczynski
Roberto Alban

Anos 1970

Em 1970, Wesley começa a realizar retratos de amigos e parentes. Porém, não se encerra aí, incluindo alguns elementos naturais, plantas e vasos. Da mistura de retratos com esses elementos surge a série Iconografia Botânica.

O seu primeiro livro como artista, “O caderno que respira”, de 1970, expressa a mesma ideia de retomar a infância como fio introdutor aos processos de aprofundamento na psique.

A tendência de incorporar materiais naturais nas obras foi predominante na década de 1970. Às voltas com a ecologia e o conceitualismo, artistas como Wesley Duke Lee e Hélio Oiticica exploraram as formas botânicas e elementos da natureza, assim como os artistas portugueses Clara Menéres, Graça Pereira Coutinho e Zulmiro de Carvalho.

Mitologias: O/Limpo e Minha Viagem à Grécia no Helicóptero de Leonardo da Vinci

A mitologia sempre exerceu um grande fascínio sobre o Wesley. Não é por acaso que narrativas históricas, reais (os Templários) ou imaginárias, sempre povoaram a sua imaginação e, consequentemente, a sua obra. Pensando na morada dos deuses gregos, o Monte Olimpo, Wesley projeta uma instalação-labirinto, onde cada divindade tem o seu propósito e significado, e no centro há uma figura: um sujeito fragmentado, talvez ele mesmo.

Estavam previstas 21 pinturas, retratos de amigos e familiares, “entes dos redutos da alma”. Cada pessoa se identifica com uma divindade. Entre 1971 e 1972 foram pintadas 15 telas. Dedicou-se à gravura nos anos subsequentes, as telas e estruturas permaneceram no atelier por 20 anos. Foram resgatadas para uma exposição retrospetiva no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, onde foi apresentada como obra inacabada. Anima é a estrutura central, a confluência do Olimpo. O próprio artista diz1, na década de 1980:

Em O/Limpo, vê-se um Wesley recorrendo à mitologia grega. Agora, em Minha viagem à Grécia no helicóptero de Leonardo da Vinci, há um Wesley que procura contar a sua história utilizando-se das estátuas gregas. Entre desenhos e fotografias, Wesley sobrevoa a sua alma, utilizando lápis de cor, aquarela, pastel e colagens. Composta por 36 desenhos, a série termina com um, intitulado Retorno à base d’y Saint Amer (1977). O artista retorna àquilo que nunca deixou de ser: um cavaleiro templário que viaja pelo mundo, sempre buscando a si mesmo.

As Sombra Ações e O macaco

Em 1976, Wesley expõe na Galeria Luisa Strina a série de obras As Sombra Ações. Expandindo a mitologia da série O/Limpo, o artista se liga à figura de Hades e explora a dualidade das sombras e das cores, em obras que carregam uma dramaticidade explosiva pulsante, como se vê nas obras A explosão e Salut à l’amitié, por exemplo. As sombras são dimensões diversas, alter egos e metáforas que constroem um mundo pictórico, em que cada tela faz parte de uma narrativa maior, cara ao artista e à sua mitologia pessoal.

Em 1977, além de retomar a escrita na série Caligrafia, ideogramas, etc., Wesley produz a obra O um (o macaco). A obra fez parte, em 1985, da exposição especial da 18ª Bienal de São Paulo: Expressionismo no Brasil, e mostra um artista amadurecido em suas técnicas e cores, dono de um traço fortemente autoral e dinâmico. Pode ser considerada, então, um ponto de virada importante em sua obra, que ecoará por toda a década de 1980.

Série Papeis

No fim dos anos 70, os artistas experimentavam cada vez mais as potencialidades da fotografia e da reprodução de imagens. Polaroides, heliografia, fotocópias, além dos vídeos e computadores. Já utilizando fotocópias em Minha Viagem à Grécia no helicóptero de Leonardo da Vinci, é em 1979, na série Papeis, que vai a fundo na exploração deste meio.

Cacilda Teixeira da Costa2 escreve:

“No final da década de 70, entrega-se à aplicação cada vez mais intensa dos meios tecnológicos de reprodução da imagem. No Research and Service Center, da Xerox, nos EUA, executa uma série de duas mil e cem variações em cor sobre imagens do mercado de capitais brasileiro. Todas as cópias são diferentes quanto às tonalidades, foco e elementos circundantes, ordenadas em cerca de quatrocentas colagens sobre papel, consideradas por ele como um único trabalho. Utilizou meios contemporâneos no sentido de aplicar o mínimo esforço necessário para realizar a verdadeira tarefa artística, decorrente de uma atividade reflexiva tanto mental quanto experimental”.

Os anos 70 marcam uma experimentação constante de Wesley com novas tecnologias e meios, algo que esteve sempre presente na sua obra e atinge uma proporção nova a partir do meio da década de 60, quando começa a realizar os seus ambientes. É na década de 70, porém, que ao mesmo tempo em que busca mais a sua trajetória pessoal e pretende recontar a sua história – utilizando-se de retratos de família para compor a suas obras, por exemplo – que também insere mais elementos fora do padrão artístico, como plantas e vasos, e se apropria de técnicas não muito difundidas ou não consideradas arte, como é o caso da fotocópia.

Notas
  1. COSTA, Cacilda Teixeira da. Wesley Duke Lee. Rio de Janeiro: Funarte,
    (Arte brasileira contemporânea). ↩︎
  2. COSTA, Cacilda Teixeira da. Curadoria e texto do catálogo da exposição
    Retrospectiva Wesley Duke Lee. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo;
    Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1992. p.11-34. ↩︎

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